A Floresta que Contava Histórias

Lá no coração de um vale escondido, existia uma floresta diferente de todas as outras. Ali, cada árvore tinha uma voz, cada folha sussurrava segredos do passado e cada vento carregava histórias antigas que só podiam ser ouvidas por quem tivesse um coração puro e muita imaginação.

Certo dia, uma menina chamada Lúcia, curiosa e cheia de sonhos, resolveu explorar a floresta. Desde pequena, ouvia as lendas sobre árvores que falavam e pedras que brilhavam à noite como estrelas caídas do céu. Então, munida de sua lanterna e de um caderno de anotações, decidiu que era hora de descobrir se essas histórias eram verdadeiras.

Ao adentrar a floresta, sentiu o ar diferente, mais leve, como se a brisa estivesse lhe dando boas-vindas. Caminhou por entre as árvores altas e retorcidas até ouvir um som baixinho, quase como um sussurro.

— Olá, pequena viajante — disse um carvalho imenso, cujas folhas douradas brilhavam sob a luz do sol.

Lúcia arregalou os olhos.

— Você… você pode falar?!

— Assim como todas as árvores daqui — respondeu ele, sua voz suave como o farfalhar do vento. — Gostaria de ouvir uma história?

Sem hesitar, a menina assentiu e se sentou em uma raiz grossa.

— Há muito, muito tempo, esta floresta era habitada por seres mágicos — começou o carvalho. — Gnomos, fadas e até mesmo dragões pequenos viviam em harmonia aqui. Eles protegiam a natureza e ensinavam os humanos a cuidar dela. Mas um dia, as pessoas começaram a esquecer…

— Esquecer o quê? — perguntou Lúcia, intrigada.

— Esquecer que a floresta também tem um coração, que ela sente e respira como todos nós. Aos poucos, pararam de ouvi-la, e os seres mágicos foram desaparecendo. Mas suas histórias ficaram gravadas em nós, as árvores.

Lúcia olhou ao redor, maravilhada. A floresta era um livro vivo, cheio de contos esperando para serem descobertos!

A cada passo que dava, outra árvore lhe contava uma nova história. O salgueiro falava de uma princesa que dançava com as estrelas, o pinheiro lembrava do tempo em que os riachos eram feitos de mel e os arbustos cochichavam sobre um coelho aventureiro que desbravava o mundo em busca do maior arco-íris.

A noite caiu, e a floresta se iluminou com vaga-lumes dançando entre os galhos. Lúcia olhou para seu caderno, agora repleto de anotações e desenhos.

— Agora você também faz parte das histórias da floresta — disse o carvalho, sorrindo com suas folhas ao vento.

Lúcia sorriu. Sabia que, ao voltar para casa, contaria para todos sobre a floresta que falava. Talvez, só talvez, as pessoas se lembrassem novamente de ouvir a voz da natureza.

E assim, a floresta continuou contando histórias, esperando que novos corações curiosos viessem escutá-las.

Fim.

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