Em uma pequena loja de brinquedos, no alto de uma prateleira, morava um ursinho de pelúcia chamado Theo. Ele tinha uma fofura especial: seu pelo era dourado como o sol, seus olhos brilhavam como duas gotinhas de mel, e um laço azul enfeitava seu pescoço. Mas, apesar de ser tão bonito, Theo sentia um vazio dentro de si.
Todas as noites, quando as luzes da loja se apagavam, os brinquedos conversavam entre si. Os soldadinhos de chumbo marchavam em fila, as bonecas contavam histórias umas para as outras, e até o carrinho de controle remoto fazia suas piruetas para divertir a todos. Mas Theo ficava ali, parado na prateleira mais alta, sem ninguém para conversar.
— Eu queria tanto ter um amigo…, suspirava ele, observando os outros brinquedos se divertirem.
Os dias passavam, e Theo via um a um os brinquedos sendo escolhidos por crianças felizes. Cada abraço dado em um boneco, cada risada compartilhada com um carrinho, cada sorriso iluminava a loja. Mas para Theo, ninguém olhava.
Uma noite, enquanto ele olhava triste para o chão da loja, um barulho chamou sua atenção. Era um pequeno coelho de pano, esquecido em um canto escuro. Seu pelo estava um pouco gasto, e uma de suas orelhas estava caidinha, mas seus olhos brilhavam de alegria.
— Oi! Eu sou o Pip! E você? — perguntou o coelhinho.
— Sou o Theo… — respondeu o ursinho timidamente.
— Você parece triste…
— Eu só queria um amigo.
Pip deu um pulinho animado.
— Então já tem!
Theo piscou, surpreso.
— Tenho?
— Claro! Agora somos amigos!
O ursinho sentiu algo quentinho no peito. Pela primeira vez, alguém queria estar com ele sem motivo algum. Ele não precisava ser comprado, nem levado para longe. Ele já tinha um amigo ali, bem ao seu lado.
Daquele dia em diante, Theo e Pip se tornaram inseparáveis. Eles contavam histórias, brincavam de adivinhar formas nas sombras das prateleiras e até faziam planos sobre como seria ter uma criança para amar.
Então, certo dia, uma menininha entrou na loja. Ela tinha olhos brilhantes e um sorriso tímido. Caminhou devagar, olhando cada brinquedo com carinho. Quando avistou Theo e Pip juntos, seus olhos brilharam ainda mais.
— Mamãe, olha! Eles são amigos, igual eu e a minha irmã! Posso levar os dois?
A mãe sorriu e assentiu.
E assim, Theo e Pip encontraram não só um lar, mas também uma amizade que nunca mais se desfez. Porque às vezes, o que realmente buscamos já está bem ao nosso lado.
FIM.