Tomás adorava a chuva. Enquanto outras crianças corriam para dentro de casa ao primeiro sinal de uma garoa, ele gostava de ficar na varanda, ouvindo o som das gotas batendo no telhado. Mas em um dia cinzento e ventoso, algo extraordinário aconteceu.
Enquanto caminhava de volta da escola, Tomás viu um objeto curioso preso entre os galhos de uma árvore no parque. Era um guarda-chuva grande, com um tecido vermelho brilhante e cabo de madeira esculpido. Mesmo de longe, parecia muito especial.
Curioso, ele se aproximou e puxou o guarda-chuva. No instante em que seus dedos tocaram o cabo, uma leve corrente de eletricidade percorreu seu corpo, como se o objeto tivesse vida. Ele o abriu instintivamente, e no mesmo momento, uma rajada de vento o ergueu do chão.
Tomás gritou de surpresa, mas logo o medo deu lugar à maravilha. Ele não estava caindo, e sim voando! O vento o conduzia como se o guarda-chuva fosse um barco no céu. Em segundos, as nuvens ao seu redor se tornaram brilhantes, coloridas e cheias de pequenas faíscas douradas.
Ele pousou suavemente em uma terra completamente diferente de tudo que já vira. Campos de grama azul se estendiam até onde os olhos alcançavam, e árvores de troncos prateados tinham folhas que mudavam de cor. Animais fantásticos caminhavam por ali: coelhos com asas, gatos que brilhavam como estrelas e peixes que nadavam no ar.
Uma figura surgiu correndo em sua direção. Era uma menina com cabelos cacheados e roupas feitas de folhas douradas.
— Você chegou! — exclamou ela. — O guardião do guarda-chuva finalmente apareceu!
Tomás franziu a testa.
— Guardião? Como assim? Eu só encontrei esse guarda-chuva preso numa árvore…
— Ele não estava preso. Ele estava esperando por você! — disse a menina, sorrindo. — Meu nome é Lira, e esta é a Terra dos Ventos Encantados.
Antes que Tomás pudesse perguntar mais alguma coisa, um som profundo ecoou pelo céu. As nuvens brilharam com uma luz avermelhada, e pequenos redemoinhos de vento se formaram ao redor deles. Lira agarrou a mão de Tomás.
— Precisamos ir ao castelo! O Rei das Tempestades quer falar com você.
Confuso, mas animado, Tomás seguiu Lira por um caminho de pedras flutuantes. Quando chegaram ao castelo, foram recebidos por um homem alto, de barbas compridas e olhos que brilhavam como relâmpagos.
— Você finalmente chegou — disse o Rei das Tempestades. — O Guarda-Chuva Mágico escolheu você para restaurar o equilíbrio do nosso mundo. O vento tem estado descontrolado e precisamos da sua ajuda.
Tomás olhou para o guarda-chuva em suas mãos. Ele não sabia como poderia ajudar, mas sentiu que aquele objeto realmente era especial.
— O que eu preciso fazer? — perguntou.
O Rei sorriu.
— O guarda-chuva não é apenas um meio de viagem. Ele é uma chave para controlar os ventos. Feche os olhos e sinta a energia dele.
Tomás fez o que o rei pediu. No mesmo instante, sentiu o vento ao seu redor respondendo à sua presença. Uma corrente quente circulou entre seus dedos e ele entendeu o que precisava fazer. Levantou o guarda-chuva e girou-o no ar. Pequenas luzes saíram dele, espalhando-se pelo céu. Aos poucos, os redemoinhos se acalmaram e o brilho avermelhado desapareceu.
O Rei das Tempestades bateu palmas, satisfeito.
— Você conseguiu! O equilíbrio foi restaurado.
Lira sorriu e pegou na mão de Tomás.
— Sempre que precisar voltar, é só abrir o guarda-chuva quando a chuva cair no seu mundo.
Tomás se despediu, abriu o guarda-chuva e sentiu novamente o vento o carregar. Quando piscou os olhos, estava de volta ao parque.
O guarda-chuva ainda estava em suas mãos. Ele sorriu. Mal podia esperar pela próxima tempestade.
FIM!