O relógio encantado

Em uma cidadezinha tranquila chamada Vila do Tempo, havia uma antiga relojoaria que pertencia ao Senhor Baltazar, um velhinho simpático de barbas brancas e olhos brilhantes. A loja era pequena, mas cheia de relógios de todos os tipos: de parede, de bolso, de pulso e cuco. Mas havia um relógio especial, guardado dentro de uma redoma de vidro, no centro da loja. Ele era dourado, com ponteiros prateados e marcava as horas com um tique-taque suave e encantador. Diziam que aquele relógio tinha magia, mas poucos acreditavam.

Miguel, um garoto curioso de dez anos, adorava passar as tardes na relojoaria ouvindo as histórias do Senhor Baltazar. Certa vez, o velho relojoeiro lhe contou sobre o Relógio Encantado.

— Dizem que ele pode controlar o tempo — sussurrou o velhinho. — Mas só funciona para quem realmente precisa.

Miguel arregalou os olhos.

— Mas como ele faz isso?

— Ah, meu jovem, essa é a parte misteriosa. Ninguém sabe ao certo. Mas a lenda diz que, quando alguém toca nele com um desejo verdadeiro no coração, algo extraordinário acontece.

Miguel ficou fascinado, mas, como todas as crianças, logo esqueceu a história e voltou para suas brincadeiras. No entanto, uma semana depois, aconteceu algo que mudaria sua vida para sempre.

Naquela manhã, sua mãe acordou doente. Ela estava pálida, fraca e não conseguia sair da cama. Miguel tentou ajudar, fez chá, buscou cobertores, mas nada parecia adiantar. O médico da cidade disse que ela precisava de um remédio raro que só chegaria dali a uma semana.

Desesperado, Miguel lembrou-se do Relógio Encantado. Seria verdade? Ele correu até a relojoaria e encontrou o Senhor Baltazar limpando os mostruários.

— Senhor Baltazar! Eu preciso do relógio! Minha mãe está doente e não pode esperar!

O relojoeiro olhou para Miguel com um ar sério, mas logo sorriu suavemente e acenou com a cabeça.

— Então, toque nele e veja o que acontece, meu rapaz.

Com as mãos tremendo, Miguel abriu a redoma de vidro e encostou os dedos no relógio dourado. No mesmo instante, sentiu um calor percorrer seu corpo e uma luz azulada envolveu tudo ao seu redor.

Quando a luz desapareceu, Miguel percebeu que estava no dia anterior. O tempo havia voltado! Sem perder tempo, ele correu para o médico e avisou sobre a doença de sua mãe antes mesmo dela piorar. O doutor, surpreso, conseguiu preparar um remédio alternativo e, assim, quando o novo dia chegou, sua mãe já estava sendo tratada antes que a febre ficasse grave.

A emoção tomou conta de Miguel. Ele correu de volta à relojoaria para agradecer ao Senhor Baltazar, mas, ao chegar lá, algo estranho aconteceu. O relógio dourado já não estava mais na redoma. Em vez disso, havia um bilhete:

“O tempo é precioso, e aqueles que sabem usá-lo com bondade sempre terão seu próprio encantamento.”

Miguel sorriu. Ele nunca mais viu o Relógio Encantado, mas sabia que seu poder estava com ele para sempre: o poder de valorizar cada momento e fazer o bem sempre que pudesse.

FIM!

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